Boeing e Zunum Aero: Disputa Judicial por Tecnologia e Contrato

Boeing e Zunum Aero: Disputa Judicial por Tecnologia e Contrato

A briga judicial entre a gigante americana Boeing e a startup de aviação híbrida Zunum Aero se intensificou. Recentemente, a Boeing foi condenada a pagar US$ 72 milhões à Zunum, mas a disputa não para por aí. Agora, a Zunum exige mais US$ 162 milhões em um novo processo judicial, um valor substancial que pode ser um divisor de águas para a recuperação financeira da startup.

A Zunum Aero alega que a Boeing se apropriou indevidamente de sua tecnologia, quebrou contratos e roubou segredos comerciais. A Boeing, por sua vez, nega todas as acusações. Na nova ação, além dos danos alegados, a Zunum busca reparação por honorários advocatícios.

Histórico da Parceria

Em 2017, a Boeing e a Zunum Aero iniciaram uma parceria através de um venture capital para desenvolver pequenos jatos híbridos elétricos. No entanto, o projeto nunca avançou além da fase inicial. Em 2019, a Zunum enfrentou graves problemas financeiros, resultando no confisco de equipamentos de uma fábrica em Illinois, onde os motores elétricos estavam sendo desenvolvidos.

Em seu processo judicial, a Zunum acusa a Boeing de falhar em fornecer os recursos financeiros acordados. Alegam ainda que a Boeing conspirou com outros fabricantes e investidores do setor para boicotar seus esforços, o que teria contribuído para o colapso do projeto. A startup também acusa a Boeing de usar sua posição no conselho da Zunum para obter segredos empresariais valiosos.

Consultada sobre as alegações, a Boeing informou que apresentou uma petição ao tribunal de Seattle pedindo a anulação da decisão parcial a favor da Zunum. “As provas da Zunum não comprovam nenhuma das alegações feitas pela empresa”, afirmou a Boeing por meio de sua assessoria.

Investigação no Brasil

Além da disputa nos EUA, a Boeing enfrenta acusações no Brasil. A Abimde, Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, e a Aiab, Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, acusam a Boeing de práticas desleais ao contratar engenheiros de elite da Base Industrial de Defesa (BID). No final de 2022, as associações entraram com uma ação civil pública denunciando a Boeing por práticas consideradas antiéticas em um setor estratégico para o país.

A Embraer, a maior empresa do setor aeroespacial do Brasil, foi significativamente afetada. Em 2018, a Boeing entrou em acordo para adquirir a divisão de aviação comercial da Embraer por US$ 4,2 bilhões, mas o negócio foi cancelado dois anos depois. Após o cancelamento, a Boeing contratou mais de 400 profissionais brasileiros, sendo metade deles ex-funcionários da Embraer.

Em outubro de 2023, a Boeing inaugurou um centro de tecnologia e engenharia em São José dos Campos (SP), onde a Embraer também possui uma fábrica. Atualmente, mais de 500 engenheiros trabalham no novo centro da Boeing, muitos deles transferidos de outros escritórios globais da empresa, como Japão e Suécia. As associações pedem que a Boeing limite a contratação a 6% dos engenheiros das empresas do setor anualmente, com uma multa de R$ 5 milhões para valores superiores.

Neste momento, a Justiça está ouvindo as partes envolvidas no caso. A decisão final poderá impactar significativamente o mercado de aviação brasileiro e a reputação das empresas acusadas.

A Resposta da Boeing

A Boeing, em resposta às acusações no Brasil, declarou que, como uma empresa global, está comprometida em atrair e desenvolver os melhores talentos tanto nos EUA quanto em outros países. “Temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil no fomento à inovação aeroespacial, sustentabilidade e segurança. O país possui um rico histórico na aviação, universidades técnicas de ponta e um forte ecossistema de engenharia”, afirmou a empresa.

A disputa em curso entre a Boeing e a Zunum Aero ilustra como parcerias tecnológicas ambiciosas podem se transformar em complexas batalhas judiciais. Seja nos EUA ou no Brasil, cada movimento desse processo é monitorado de perto tanto pelo mercado quanto pelas partes interessadas. A situação atual é crítica para a Zunum Aero, que busca reerguer-se financeiramente. Já a Boeing, além de lidar com as acusações de sua ex-parceira, também enfrenta desafios legais no cenário brasileiro.

O desfecho dessas disputas judiciais terá implicações de longo alcance, envolvendo considerações sobre ética corporativa, inovações tecnológicas e a dinâmica das parcerias empresariais no setor aeroespacial. Resta acompanhar os próximos capítulos dessa saga, que promete novas reviravoltas e revela as complexidades das relações em um dos setores mais avançados e competitivos do mundo.



Créditos: publicai.com.br

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