Tecnologia Fotovoltaica e Geração Distribuída Aquece Mercado de Energia Solar

Tecnologia Fotovoltaica e Geração Distribuída Aquece Mercado de Energia Solar

Geração distribuída (GD) tem se destacado como uma solução econômica e sustentável para a produção de energia elétrica no Brasil. A GD, que envolve a geração de energia no local de consumo ou em áreas próximas, tem potencial para gerar uma economia líquida de mais de R$ 84,9 bilhões na conta de luz dos brasileiros até 2031, segundo um estudo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e da consultoria Volt Robotics.

Em maio, a energia gerada por sistemas próprios com tecnologia fotovoltaica ultrapassou 29 gigawatts (GW) de potência instalada no Brasil. Esse avanço beneficiou mais de 3,7 milhões de unidades consumidoras, demonstrando o impacto positivo da energia solar no país.

A expansão da geração própria solar tem aquecido o mercado, estimulando negócios em climatechs e enertechs. Em junho, a Lemon Energia, uma climatech que conecta geradores de energia limpa a pequenos e médios empreendedores, ampliou sua parceria com a IVI Energia, integrando-se ao portfólio da Brookfield, que anunciou investimentos de R$ 1,2 bilhão em usinas solares de menor porte nos próximos 12 meses.

Impacto da Geração Distribuída no Mercado de Energia Solar

A geração distribuída tem mostrado um crescimento significativo no Brasil, com a instalação de sistemas fotovoltaicos em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Desde 2012, os investimentos nesse tipo de tecnologia somaram cerca de R$ 142,5 bilhões, gerando mais de 870 mil empregos verdes acumulados no período, em todas as regiões do Brasil. Isso representa, segundo a Absolar, uma arrecadação aos cofres públicos de mais de R$ 42,3 bilhões.

De acordo com o estudo da Volt Robotics, os benefícios líquidos da geração distribuída equivalem a um valor médio de R$ 403,9 por megawatt-hora (MWh) no sistema elétrico nacional, ante uma tarifa média residencial de R$ 729 por MWh. A Absolar prevê o crescimento do uso da tecnologia fotovoltaica nos próximos anos, já que o Brasil conta com aproximadamente 92,4 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica no mercado cativo.

Para o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, o crescimento da geração própria solar amplia o protagonismo do Brasil na geopolítica da transição energética global. A geração própria solar reduz o uso da infraestrutura de transmissão, aliviando pressões sobre sua operação e diminuindo perdas em longas distâncias, o que contribui para a confiabilidade e a segurança em momentos críticos, diz Sauaia.

Parcerias e Investimentos no Setor

A Lemon Energia, climatech que utiliza tecnologia de dados para conectar geradores de energia limpa a pequenos e médios empreendedores, incrementou a parceria com a IVI Energia. Integrada ao portfólio da Brookfield em dezembro de 2023, a IVI Energia se tornou o braço da gestora no segmento de geração distribuída. A Brookfield já anunciou cerca de R$ 1,2 bilhão em investimentos na construção de usinas solares de menor porte nos próximos 12 meses. Com mais de 50 usinas no país, a IVI Energia deverá ter um parque solar gerador com 300 MWp (megawatts-pico), o equivalente a 200 e 250 MWac.

Lucas Coberline, head de Geração da Lemon, conta que o acordo inicial com a IVI Energia, fechado este ano, previa a gestão de cinco usinas solares, mas já foi ampliado para 11 unidades geradoras de energia com sistema fotovoltaico. A expectativa é de que a parceria continue expandindo, à medida que o parque solar gerador da IVI Energia cresça.

Ben Sauer, gerente de Operações da IVI Energia, diz que a meta da empresa é investir em um portfólio robusto de energia limpa, com horizonte de expansão. Contar com um parceiro especializado como a Lemon, que possui vasta expertise na gestão de usinas, é essencial para que possamos focar na excelência operacional e garantir a alta qualidade dos nossos ativos, afirma Sauer.

Benefícios para o Cliente Final

A estimativa da Lemon é que, com a gestão das 11 usinas, a base de clientes ultrapasse 2,5 mil pequenas e microempresas localizadas em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Coberline diz que Lemon dobrou o número de clientes em 2023. Passamos de 5 mil clientes, no início de 2023, para 10 mil, no fim do ano passado. Atualmente, já ultrapassamos esse total. Mantemos mais de 100 usinas parceiras em todos os estados da região Centro-Oeste, no Distrito Federal, em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e este ano iniciou operação em Pernambuco, detalha.

Achados do estudo realizado pela Volt Robotics para a Absolar indicam que os benefícios líquidos da GD equivalem a um valor médio de R$ 403,9 por megawatt-hora (MWh) na estrutura do sistema elétrico nacional, ante a uma tarifa média residencial de R$ 729 por MWh, segundo dados de 2023 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Clientes que usufruem dos benefícios da geração distribuída sem investir na infraestrutura do sistema fotovoltaico não pagam taxas adicionais por estarem nesse ecossistema.

Na Lemon, o foco é em micro e pequenos empreendedores. Não há um perfil de consumo específico para usar o benefício, diz Coberline. O atendimento aos clientes residenciais não está fora do radar da Lemon, mas ainda não há a previsão para iniciar o serviço, segundo o head de Geração da Lemon.

Expansão e Sustentabilidade

A precificação que não sobrecarrega o cliente final também faz parte do modelo de negócio da Sun Mobi, enertech que atua na geração compartilhada de energia solar desde 2017. Com parque próprio de usinas instaladas em São Paulo e Paraná, a Sun Mobi atende consumidores, incluindo residências, em 473 municípios paulistas e 395, no Paraná.

Em sete anos de operação no mercado de energia solar, a Sun Mobi já não cabe mais na definição de startup. Alexandre Bueno, sócio da Sun Mobi, diz que a empresa começou na garagem e hoje já reúne 22,5 megawatts (MW) instalados em usinas fotovoltaicas nos sistemas de distribuição da CPFL Piratininga, da CPFL Paulista, da Enel e da Elektro no estado de São Paulo, além de dois empreendimentos conectados na Copel, no Paraná.

Nos últimos dois anos, a Sun Mobi aumentou o portfólio de serviços. Um dos negócios foi o contrato de locação de uma usina fotovoltaica de 2,5 megawatts (MW) em Cajamar, SP, em 2023, marcando o início do serviço de geração solar compartilhada em São Paulo (SP) e em 24 municípios da região metropolitana, na concessão da Enel SP.

A proposta é garantir eletricidade verde e barata para clientes que não podem ou não pretendem instalar painéis solares nos imóveis. Esse tipo de contrato de fornecimento de energia solar tem crescido exponencialmente no País, impulsionado pela ausência de necessidade de investimento num sistema próprio de geração de eletricidade no telhado ou num pequeno terreno, além da facilidade do processo de adesão, diz o sócio da Sun Mobi.

Além disso, o modelo de negócio da Sun Mobi atende a uma demanda crescente por eletricidade verde em um contexto de maior conscientização ambiental. Muitas empresas e indivíduos estão cada vez mais atentos ao impacto ambiental de suas atividades e buscam alternativas mais sustentáveis. A Sun Mobi oferece uma solução prática ao possibilitar que clientes, mesmo aqueles que não têm espaço ou recursos para investir em sistemas próprios, possam usufruir dos benefícios da energia solar.

Outro ponto importante é a redução das emissões de carbono. A geração de energia a partir de fontes renováveis, como a solar, contribui significativamente para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa. As empresas que adotam esse tipo de energia não apenas economizam em suas contas de luz, mas também colaboram para um planeta mais sustentável.

Perspectivas Futuras para a Geração Distribuída e Energia Solar

O futuro da geração distribuída de energia solar no Brasil parece promissor. Com o crescente investimento em tecnologia e infraestrutura, além de políticas públicas favoráveis, a expectativa é que o número de unidades consumidoras que aderem à energia solar continue aumentando. Isso não apenas traz benefícios econômicos, mas também posiciona o Brasil como um líder na transição para fontes de energia mais sustentáveis.

À medida que mais empresas como a Lemon Energia e a Sun Mobi expandem suas operações e serviços, o mercado de energia solar no Brasil se torna mais competitivo e acessível. Isso resultará em uma maior adoção dessa tecnologia por consumidores residenciais e empresariais, aumentando a demanda e, consequentemente, incentivando mais investimentos no setor.

A popularização da energia solar tem, portanto, não apenas um impacto econômico, mas também social e ambiental. Ao tornar a energia limpa mais acessível e barata, promove-se um uso mais responsável dos recursos naturais, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas ao reduzir os custos com eletricidade.

Assim, a geração distribuída e a expansão da energia solar no Brasil não são apenas questões de economia e tecnologia; tratam-se de iniciativas que têm o potencial de transformar profundamente o cenário energético do país, contribuindo para um futuro mais sustentável e economicamente viável.



Créditos: publicai.com.br

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