Fintech Brex: Mudança de Modelo de Liderança, IPO e Redução de Cash Burn

Fintech Brex: Mudança de Modelo de Liderança, IPO e Redução de Cash Burn

Fintech Brex, fundada por Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, está passando por uma transformação significativa em seu modelo de liderança.

Desde sua criação em 2017, a empresa foi gerida pelos dois co-fundadores como co-CEOs. No entanto, a partir de agora, a Brex adotará um modelo mais tradicional, com Pedro Franceschi assumindo como CEO único e Henrique Dubugras se tornando presidente do conselho. Essa mudança visa aumentar a agilidade da empresa e atrair mais investidores, preparando o terreno para um possível IPO no futuro.

Origem e Evolução da Brex

Os amigos de longa data começaram a trabalhar juntos como co-fundadores de outra startup, a Pagar.me, em 2012, quando tinham apenas 16 anos. A Pagar.me foi adquirida pela Stone Pagamentos por dezenas de milhões de dólares antes mesmo de os dois irem para a faculdade. Ao fundarem a Brex, decidiram empregar a mesma estratégia de co-CEOs, que havia funcionado bem na Pagar.me.

Contudo, com o crescimento da Brex, os co-fundadores perceberam que o modelo de co-CEOs poderia se tornar um gargalo para o crescimento da empresa, dificultando a tomada de decisões rápidas. Além disso, acreditam que investidores preferem um modelo tradicional de liderança com um único CEO, especialmente quando a empresa se tornar pública, algo que não esperam fazer antes de 2025.

Segundo Dubugras, a mudança ajudará a empresa a tomar decisões mais rápidas e melhores. Pedro Franceschi, que liderou o desenvolvimento da infraestrutura financeira da Brex, será o único CEO, enquanto Dubugras se concentrará em seu papel como presidente do conselho.

Estratégia Fundacional e Primeiros Anos

Na Brex, Henrique Dubugras e Pedro Franceschi desempenhavam papéis que complementavam suas habilidades. Franceschi era o “melhor programador” e liderou o desenvolvimento da infraestrutura financeira da empresa, o que permitiu à Brex ter grandes margens e expandir mais rapidamente. Sob sua liderança, a Brex desenvolveu uma suíte de produtos abrangente que inclui cartões corporativos, gestão de despesas, serviços bancários, gestão de viagens e pagamento de contas.

Enquanto isso, Dubugras se focava em angariar fundos — acumulando mais de $1,5 bilhão em transações primárias e secundárias — e mantinha relações com parceiros bancários e reguladores. Ele também atuava como o “rosto” da Brex, vendendo pessoalmente para os maiores clientes da empresa.

Desafios Recentes e Reestruturação

Nos últimos anos, a Brex passou por altos e baixos. Em 2021, a empresa foi avaliada em $12,3 bilhões após levantar $300 milhões. No entanto, em janeiro de 2023, a Brex demitiu 282 funcionários, cerca de 20% de sua equipe, após uma reestruturação em outubro de 2022 que resultou na demissão de 136 pessoas.

Com a meta de aumentar a eficiência e a agilidade, a empresa não prevê mais demissões no futuro próximo. Franceschi também mencionou que a meta da empresa é ser positiva em termos de fluxo de caixa até 2025, aumentando a receita de intercâmbio enquanto seu negócio de software cresce à medida que startups se expandem e novas empresas de médio porte e grandes empresas se tornam clientes.

Redução do Cash Burn

Apesar dessas dificuldades, a Brex conseguiu reduzir seu cash burn pela metade no último ano. Franceschi afirmou que a empresa viu um crescimento de receita sem aumentar os custos fixos, contribuindo para a redução do cash burn. Além disso, as demissões ajudaram a economizar custos, e a empresa não prevê mais demissões no futuro próximo.

As iniciativas de economizar custos foram cruciais para melhorar a saúde financeira da Brex. Hoje, a empresa tem um runway de caixa de quatro anos. Isso contraria um artigo publicado em janeiro, que afirmava que a Brex queima $17 milhões por mês e possuía caixa suficiente apenas até março de 2026. A empresa explicou que esses números estavam incorretos e focava em uma trajetória clara para a lucratividade, com um aumento de receita em 2023 de mais de 35% e um crescimento do lucro bruto de 75%.

Planos para IPO e Meta de Lucratividade

Embora a Brex não tenha planos de levantar fundos primários em breve, pode oferecer uma venda secundária para que os acionistas possam realizar seus lucros antes da empresa se tornar pública. Dubugras afirmou que a empresa não quer ser uma companhia pública de alta volatilidade, pois isso pode distrair da execução da missão principal da empresa.

A empresa acredita que ser positiva em termos de fluxo de caixa e lucrativa é essencial para uma transição suave para o mercado público. A meta é alcançar essa estabilidade financeira até 2025. Se isso for alcançado, um IPO poderá seguir logo depois.

Ambiente Competitivo

A Brex opera em um espaço de gestão de despesas cada vez mais competitivo, enfrentando startups como Ramp, Mercury e Airbase, além de gigantes como American Express, Concur e Citi. No entanto, Franceschi acredita que a vantagem da Brex está em sua pilha tecnológica verticalmente integrada, que permite uma cobertura global e uma maior profundidade de integração.

Não obstante a intensa competição, a Brex continua a ver um forte impulso com novos clientes empresariais, além de seus clientes existentes. A empresa permanece confiante em sua missão e otimista sobre o futuro.

Em abril de 2023, por exemplo, a Ramp anunciou uma nova rodada de capital de $150 milhões com uma valorização pós-dinheiro de $7,65 bilhões. Da mesma forma, em maio de 2023, a startup bancária digital Mercury anunciou a incorporação de software às suas contas bancárias, oferecendo aos seus clientes empresariais funcionalidades adicionais como pagamento de contas, faturamentos e reembolsos de empregados.

Apesar essas movimentações, a Brex não baixa a guarda e continua focada em sua proposta de valor, buscando sempre inovar e adaptar suas soluções às necessidades diversas de seus usuários.



Créditos: publicai.com.br

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