Futuro dos Jovens: Influenciadores Digitais, Educação e Redes Sociais

Futuro dos Jovens: Influenciadores Digitais, Educação e Redes Sociais

Futuro, redes sociais e influenciadores digitais são temas que têm moldado as aspirações profissionais dos jovens brasileiros. Uma pesquisa recente da startup INFLR revelou que 75% dos jovens no Brasil sonham em se tornar influenciadores digitais. Essa revelação traz à tona uma mudança significativa nas aspirações dos jovens, em contraste com profissões tradicionais como juiz, engenheiro ou aeromoça.

Essa mudança de perspectiva reflete um desejo crescente por relevância e inspiração, com 75% dos entrevistados apontando essas motivações. Além disso, 64% dos jovens veem no mundo dos influenciadores uma oportunidade financeira atrativa. Entretanto, essa tendência levanta preocupações sobre o consumo de conteúdo superficial e a alienação dos jovens. A busca por uma vida fácil e a ostentação promovida nas redes sociais podem estar desviando a atenção dos jovens da importância da educação formal e do desenvolvimento de habilidades críticas.

O Impacto dos Influenciadores Digitais na Educação dos Jovens

A mudança nas aspirações dos jovens é um fenômeno que merece atenção. Alguns anos atrás, as respostas tradicionais incluíam renomadas profissões como juiz, engenheiro, aeromoça ou bombeiro. Hoje, o cenário mudou e é seguro esperar por influencer como resposta. A pesquisa da INFLR em 2022 revelou que 75% dos jovens brasileiros sonham em ser influenciadores digitais.

Os dados mostraram que havia duas grandes motivações para essa escolha. Para 75% dos entrevistados, a escolha envolvia ser uma voz relevante e inspirar outras pessoas. Para 64%, era o interesse financeiro. Essa mudança de foco pode ser preocupante, pois muitos jovens podem estar negligenciando a educação formal em busca de uma carreira que parece mais fácil e glamourosa.

O consumo de conteúdos de influenciadores digitais pode levar à alienação dos jovens. Muitos influenciadores produzem conteúdos direcionados para crianças e jovens, que são frequentemente superficiais e fúteis. Isso pode desviar a atenção dos jovens da importância da educação e do desenvolvimento de habilidades críticas.

Alienação dos Jovens e Crianças

O consumo excessivo de conteúdo de influenciadores digitais é uma questão preocupante. Um exemplo disso é o caso de um jovem de 11 anos que passa horas no celular consumindo conteúdo de influenciadores. Ele tem dificuldades graves com a leitura e com a escrita, e seu desempenho escolar é prejudicado. Esse comportamento é comum entre muitos jovens, que preferem passar tempo nas redes sociais em vez de se dedicarem aos estudos.

Os influenciadores digitais têm um grande poder de alcance e influência. Eles poderiam, ainda que de forma básica, provocar os jovens a trabalharem o senso crítico ou focar, minimamente, seus conteúdos para a difusão de informações importantes. No entanto, a prática é bem diferente. Eles corroboram com a ideia de que tudo é fácil e de que a vida é perfeita, alienando os jovens e tornando-os alheios ao mundo real. Essa alienação pode ter consequências significativas para o desenvolvimento pessoal e profissional dos jovens.

Inapropriada Sexualização

Outro problema grave associado ao consumo de conteúdo de influenciadores digitais é a sexualização dos jovens. Muitos influenciadores produzem conteúdos com cunho sexual, ainda que de forma mais polida, pautada em brincadeiras de duplo sentido ou em pegadinhas. Isso é uma total irresponsabilidade e pode ter consequências negativas para o desenvolvimento dos jovens.

Um exemplo disso é o caso de um jovem que tem falas e brincadeiras totalmente inapropriadas para a idade, influenciado pelos conteúdos que consome nas redes sociais. Isso mostra como os influenciadores digitais podem impactar negativamente o comportamento e o desenvolvimento dos jovens. As crianças precisam ser protegidas da internet e não das escolas. Embora a responsabilidade dos pais e das famílias seja fundamental, os produtores de conteúdo também têm um papel importante a desempenhar na proteção dos jovens.

Estudar para Quê? O Paradigma do Influencer Digital

Eu tento sempre ser uma pessoa aberta ao diálogo e a entender que o mundo muda muito rapidamente. Entendo que há o surgimento de novas profissões, de novos modelos e formatos de trabalho e que a internet e as redes sociais são partes inerentes desse novo universo.

Também quero aproveitar para sinalizar que há sim influenciadores muito éticos e responsáveis. Além disso, existem belíssimos trabalhos de influenciadores com formação acadêmica que utilizam suas plataformas para a difusão gratuita de conteúdos importantes para a população. Esses influenciadores desempenham um papel fundamental na educação e na conscientização dos jovens.

No entanto, a grande maioria corrobora para uma visão de que a vida é fácil, de que estudar é irrelevante e de que todos podem ser tão ricos quanto eles, bastando se dedicarem às redes sociais. Isso pode levar os jovens a negligenciarem a educação formal e a buscarem uma vida de ostentação e superficialidade. Há muita ostentação de carros caríssimos, de mansões luxuosas, de viagens intermináveis, de restaurantes cinco estrelas e de uma vida pautada apenas em sorrisos, muito dinheiro e em facilidade. Quem vai querer estudar assim? Quem vai querer se dedicar a um caminho de investimento de longo prazo, quando o mundo diante da palma das suas mãos mostra uma vida perfeita e por um caminho aparentemente tão mais fácil?

A Estrutura por Trás do Sucesso

O que esses jovens não notam, até porque os influenciadores não fazem questão de mostrar, é a megaestrutura por trás dos posts aparentemente triviais, cotidianos e fáceis. Muitos influenciadores têm equipes compostas por profissionais graduados nas mais diversas áreas, incluindo marketing, edição de vídeo, fotografia e gestão de redes sociais. Esses profissionais trabalham nos bastidores para garantir o sucesso e a visibilidade dos influenciadores. Isso reflete uma realidade que é raramente exposta ao público, criando uma ilusão de facilidade e simplicidade.

O Futuro e a Necessidade de Educação

Sempre gosto de terminar a coluna com algum direcionamento ou possibilidade, mas desta vez me reservo o direito de expressar uma preocupação genuína. Dedico minha vida à educação há oito anos e acredito, em cada célula de meu corpo, que ela é a maior estratégia e ingrediente para um futuro menos desigual. No entanto, para ser honesto com vocês, temo que o futuro desejado por muitos jovens seja uma ilusão baseada em percepções distorcidas e superficialidades das redes sociais.

Os jovens são o nosso futuro. São eles que seguirão todo o trabalho que fazemos hoje. Eles precisam ocupar espaços para enriquecê-los com diversidade. Precisam estar por trás das políticas públicas. No entanto, parece ingenuidade esperar que jovens que simplesmente não estão lendo mais, que querem tudo fácil, que não sabem lidar com frustração e que não querem mais estudar, estejam preparados para assumir esses papéis.

É essencial que iniciativas sejam tomadas para reverter esse cenário. Equipes de educadores, pais e até mesmo alguns influenciadores responsáveis precisam colaborar para promover uma educação que valorize o espírito crítico, o pensamento independente e o esforço contínuo. Somente assim poderemos garantir um futuro promissor para os jovens, baseado em realidades tangíveis e conquistas verdadeiras.



Créditos: publicai.com.br

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