Estabilidade e Ecossistema de Startups no Uruguai: Montevideo em Foco

Estabilidade e Ecossistema de Startups no Uruguai: Montevideo em Foco

Estabilidade política e econômica são fatores cruciais para o desenvolvimento de startups, e o Uruguai tem se destacado nesse aspecto. Esta semana, a StartupBlink, um dos principais centros de pesquisa e mapeamento de startups do mundo, divulgou seu Global Startup Ecosystem Index 2024. Este ranking é de extrema importância para o setor de startups e novas tecnologias, avaliando ecossistemas de cem países e mais de mil cidades.

Desempenho do Uruguai no Ranking Global

Para o Uruguai, a notícia é que o país não conseguiu manter o leve repique de uma posição em 2023 (havia caído nada menos que cinco em 2022) e este ano voltou a cair três posições, estabelecendo-se na 58ª posição. Com uma pontuação de 2.602 pontos, o ecossistema de startups uruguaio se assemelha ao de países como Vietnã (2.697) ou Filipinas (2.224). A nível regional, o Uruguai manteve por quarto ano consecutivo o quinto posto na América do Sul e o sexto na América Latina. O ranking do Uruguai melhorou da 66ª posição em 2020 para a 58ª em 2024, mostrando uma tendência de crescimento positiva ao longo dos anos, conforme aponta o relatório.

Como em edições anteriores, para a StartupBlink, a principal vantagem do ecossistema de startups uruguaio continua sendo a estabilidade política e econômica do país, especialmente se comparado com outros países da região como Argentina, Brasil ou Chile. Esta condição faz com que seu potencial como ecossistema seja sempre promissor.

Programas de Apoio e Iniciativas

Institucionalmente, a StartupBlink destaca os programas aceleradores do Centro de Inovação e Empreendimentos (CIE) da ORT, a Fundação Julio Ricaldoni da Udelar e o Ithaka da Universidade Católica uruguaia. A nível estatal, o bom papel da Agência Nacional de Inovação e Pesquisa (ANII) está representado pelo Proyecta Uruguay, o programa desenvolvido pela Agência e Endeavor que oferece recursos e oportunidades de networking para empreendedores, e que é mencionado expressamente nesta nova edição.

Como novidade, este ano a StartupBlink apresentou o SB Score, uma classificação trimestral de mais de 150.000 startups de todo o mundo que se baseia em tração, financiamento e número de empregados. As cinco melhores empresas deste tipo no Uruguai foram Meitre (409 pontos; foodtech), nocnoc (378; ecommerce & retail), Bunker DB (368; software & data), Bankingly (337; fintech) e Vopero (299; ecommerce & retail). Para colocar os pontos em contexto, cabe destacar que a fintech argentina Ualá obteve 386 pontos.

Concentração em Montevideo

A concentração de oportunidades e recursos em Montevideo funciona como uma Espada de Dâmocles sobre o ecossistema de startups uruguaio. A sorte do ecossistema está atrelada à capital do país, que é a única cidade uruguaia no Top 1000 do Global Startup Ecosystem. Isso faz com que o que ocorra com a capital seja determinante para a sorte nacional.

Ao contrário do ano anterior, quando o ecossistema de startups de Montevideo passou da posição 218ª para a 197ª, este ano Montevideo caiu uma posição, ficando na 198ª. Com este movimento, foi superada por Lima e caiu para o 10º lugar na América do Sul. Assim como no ano passado, quando a StartupBlink celebrava o retorno da capital uruguaia ao top 200 mundial, este ano adverte sobre o risco de sair deste grupo.

Como já foi apontado em edições anteriores, o obstáculo mais importante para o ecossistema de startups uruguaio é a concentração de oportunidades e recursos em Montevideo. Para a StartupBlink, o governo deveria se envolver mais no desenvolvimento de iniciativas que assegurem que o talento local permaneça no país, mas ao mesmo tempo deve abrir o jogo para outras cidades. Esta receita é capaz de escalar e converter o empreendedorismo uruguaio em um fenômeno nacional.

Iniciativas para Descentralização

Uma das soluções propostas é o fortalecimento das redes de apoio ao empreendedorismo fora da capital. Atualmente, a maior parte dos aceleradores, incubadoras e programas de financiamento estão localizados em Montevideo, o que atrai talentos de todo o país para a capital, deixando outras regiões menos desenvolvidas em termos de inovação.

Os esforços para criar hubs de inovação em cidades como Salto, Paysandú e Maldonado são essenciais para distribuir melhor as oportunidades e incentivar os empreendedores a permanecerem em suas regiões de origem. Estes hubs, apoiados por universidades e governos locais, podem servir como catalisadores para o crescimento econômico de áreas menos exploradas.

Redesenho das Políticas Públicas

As políticas públicas devem ser redesenhadas para incentivar a criação de startups em toda a extensão do país. Incentivos fiscais, programas de capacitação e acesso a linhas de crédito específicas para regiões fora de Montevideo são algumas das medidas que podem ser adotadas para equilibrar o ecossistema.

Além disso, é crucial desenvolver parcerias público-privadas que estimulam a inovação fora do eixo central. Grandes empresas poderiam ser incentivadas a investir em projetos tecnológicos em diferentes regiões, contribuindo para uma descentralização dos recursos e qualificações.

Impacto da Educação e Formação

Outro ponto importante é a educação e a formação de novos talentos. As universidades e instituições de ensino desempenham um papel fundamental neste aspecto. É necessário que elas ampliem seus programas de empreendedorismo e tecnologia para além da capital, oferecendo cursos, workshops e mentorias que capacitem os alunos a desenvolverem projetos inovadores em suas regiões.

Diversos programas já começam a atuar neste sentido, como o projeto de extensão universitária da Udelar, que busca integrar pesquisa acadêmica com necessidades locais, promovendo o desenvolvimento econômico e social através da inovação.

O Papel da Tecnologia na Descentralização

A tecnologia pode ser uma aliada poderosa na descentralização do ecossistema de startups. Ferramentas de comunicação e colaboração online, como videoconferências e plataformas de trabalho remoto, permitem que empreendedores, investidores e mentores trabalhem juntos, independentemente de sua localização geográfica. Isso pode facilitar a criação de redes de apoio e colaboração entre diferentes regiões do país.

Portanto, utilizar a tecnologia para quebrar as barreiras físicas é uma estratégia eficaz para espalhar as oportunidades de desenvolvimento de startups por todo o Uruguai. Plataformas de financiamento coletivo, por exemplo, podem permitir que empreendedores de regiões menos favorecidas obtenham os recursos necessários para seus projetos.

Conclusão

O ecossistema de startups do Uruguai tem mostrado um crescimento contínuo e promissor, principalmente graças à estabilidade política e econômica do país. No entanto, a concentração de recursos e oportunidades em Montevideo continua sendo um desafio significativo. Para transformar o empreendedorismo em um fenômeno nacional, é necessário investir em políticas públicas que incentivem o desenvolvimento de outras regiões, aproveitar a tecnologia para conectar talentos e recursos em todo o país e fortalecer a formação de novos empreendedores nas diferentes regiões.

Se o Uruguai conseguir descentralizar seu ecossistema de startups, não só ganhará competitividade no cenário global, mas também promoverá um desenvolvimento econômico mais equilibrado e sustentável.



Créditos: publicai.com.br

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