Crowdfunding e Inovações no Mercado de Capitais do Uruguai: Zorzal e Foxsys em Destaque
O mercado de capitais no Uruguai está vivenciando uma verdadeira primavera, marcada por eventos inéditos e históricos. Recentemente, a plataforma de crowdfunding Crowder lançou sua primeira emissão de dívida, com a empresa Foxsys liderando essa iniciativa. Além disso, a Zorzal Inversiones Tecnológicas obteve autorização do Banco Central do Uruguai (BCU) para emitir ações, algo que não acontecia desde 2016. Esses acontecimentos destacam a inovação no mercado financeiro uruguaio e abrem novas oportunidades para investidores e empresas locais.
Primeira Emissão de Dívida via Crowdfunding
A plataforma de crowdfunding Crowder marcou um feito histórico ao lançar a primeira emissão de dívida no mercado de capitais uruguaio. A empresa Foxsys, especializada em serviços de portaria remota e segurança para edifícios, foi a pioneira nessa iniciativa. O Banco Central do Uruguai (BCU) autorizou a Foxsys a emitir dívida no valor de até US$ 1 milhão através da Crowder, permitindo que pequenos investidores participem dessa emissão, que ficará aberta por 55 dias.
Foxsys, uma empresa de capital uruguaio altamente tecnológica, revolucionou a forma como os serviços de segurança são prestados aos edifícios, incorporando tecnologia avançada para controle de acesso e segurança. A empresa atende mais de 40.000 usuários mensais e mais de 400 edifícios, contando com uma equipe de 100 colaboradores diretos e diversos subcontratados.
Os Bonos Foxsys, listados na Crowder, têm vencimento em 31 de julho de 2029 e pagarão uma taxa de juros anual de 8,5% em dólares, com amortização do capital em quatro parcelas. O dinheiro obtido será utilizado para infraestrutura, desenvolvimento tecnológico e reperfilamento de passivos. Para garantir o pagamento da dívida, foi constituído um fideicomisso de garantia, beneficiando Crowder e cada investidor.
Emissão de Ações pela Zorzal Inversiones Tecnológicas
A Zorzal Inversiones Tecnológicas, por sua vez, obteve autorização do BCU para emitir ações, algo que não acontecia desde 2016. O programa de emissão de ações da Zorzal foi autorizado para um valor de até 100 milhões de Unidades Indexadas (UI), equivalente a US$ 15,5 milhões, a serem emitidos em pesos uruguaios. A primeira série dessa emissão será colocada na Bolsa de Valores de Montevideo, exclusivamente para investidores minoritários.
Com os recursos obtidos, a Zorzal pretende investir em participações acionárias de empresas uruguaias de tecnologia, adquirindo participações minoritárias como investidor passivo, mas com poderes de controle e acordos preferenciais em termos de pagamento de dividendos. A empresa estima adquirir participações em um mínimo de cinco e um máximo de 12 empresas, garantindo um retorno anual de pelo menos 7% sobre a sua participação.
Antes da emissão de ações, a Zorzal realizou um levantamento visitando 37 empresas, constatando interesse firme em vender participações com as condições propostas. A empresa avançou em possíveis transações com quatro dessas empresas, com um valor estimado em US$ 9,8 milhões. As empresas-alvo devem atender a critérios rigorosos, como faturamento anual superior a US$ 3 milhões e Ebitda de pelo menos 10% sobre vendas. Além disso, elas devem possuir um nível de endividamento inferior ao montante equivalente a um ano de fluxo operacional (Ebitda) e garantir que a distribuição de seus ingressos por cliente seja diversificada, sem que nenhum cliente represente mais de 33% da sua receita total.
Critérios de Seleção e Expectativas para as Empresas Investidas
A Zorzal estabeleceu critérios específicos para selecionar as empresas tecnológicas a serem investidas. Essas empresas devem ter pelo menos cinco anos de atividade, preferencialmente 10 anos. Além disso, devem manter um Ebitda de pelo menos 10% sobre vendas e um fluxo de caixa livre capaz de garantir o pagamento de um dividendo mínimo de 7% sobre a participação da Zorzal. A empresa também não realizará investimentos superiores a US$ 3 milhões ou inferiores a US$ 1 milhão por empresa, e suas participações sempre serão minoritárias, sem integrar o conselho de administração das empresas investidas. Além disso, todas as empresas devem passar por uma diligência prévia satisfatória realizada pela KPMG e análise favorável de um modelo de negócio por um assessor especialista.
Horizonte de Investimento e Perspectivas de Rentabilidade
O horizonte de investimento da Zorzal é de cinco anos. A empresa considera que sua rentabilidade dependerá do desempenho das empresas investidas, levando em conta fatores como crescimento em faturamento e Ebitda, distribuição de dividendos acima do mínimo estabelecido e o valor das aquisições e eventuais vendas das ações dessas empresas.
Impacto e Perspectivas para o Mercado de Capitais Uruguaio
Esses eventos representam um marco significativo para o mercado de capitais uruguaio, destacando a inovação e a abertura de novas oportunidades de investimento. A Crowder, como a primeira plataforma de crowdfunding do Uruguai, democratiza o acesso ao mercado de capitais, permitindo que pequenos investidores participem de emissões locais reguladas pelo BCU. Isso contrasta com outras plataformas que oferecem acesso a ações de empresas estrangeiras.
O sucesso da Foxsys e da Zorzal pode incentivar outras empresas uruguaias a explorar o crowdfunding e a emissão de ações como formas viáveis de financiamento. A Foxsys, com sua abordagem inovadora em segurança para edifícios, e a Zorzal, com seu foco em investimentos tecnológicos, exemplificam como as empresas podem se beneficiar dessas novas oportunidades.
O mercado de capitais uruguaio está em um momento de transformação, com potencial para crescimento e diversificação. A combinação de inovação tecnológica e novas formas de financiamento pode atrair mais investidores e fortalecer a economia local. A Crowder e a Zorzal estão na vanguarda dessa mudança, mostrando que o Uruguai está preparado para abraçar o futuro do mercado de capitais.
Créditos: publicai.com.br